sexta-feira, 10 de abril de 2015

3º mandamento do empresário prestador de serviços

3 - Você e sua empresa são pessoas completamente diferentes
A responsabilidade limitada das empresas existe por um motivo muito simples: nenhum ser humano teria colhões para empreender sabendo que, em caso de insucesso, seu patrimônio pessoal será imediatamente alvo de credores furiosos e famintos.

É aí que o Estado chega pra você, empresário, e diz: vai, meu filho, empreenda, gere empregos, pague-me tributos caríssimos, e em troca eu te dou um mínimo de segurança jurídica, de modo que se sua empresa quebrar, seus credores hão de cobrar somente dela, e não de sua pessoa física. Integralize o capital social na medida de suas cotas e durma tranquilo.

Acontece que, como tive a oportunidade de expor brevemente no post anterior, isso não é um passe-livre para você fazer merda por aí.

O mandamento de hoje trata justamente de uma das maiores macaquices que um empreendedor pode cometer, e a experiência me permite dizer com segurança que isso acontece com mais frequência do que imaginamos: o pensamento de que "a empresa é minha e eu faço o que eu quiser".

Toda vez que esse pensamento passar pela sua cabeça, lembre-se da lição do finado tio do Peter Parker: grandes poderes trazem grandes responsabilidades.

Descanse em paz, tio Ben.
Com isso em mente, você há de lembrar também que sua empresa é uma pessoa completamente diferente de você, o que significa dizer que ela deve ter uma vida financeira totalmente distinta da sua. 

Portanto, não use a porra do cartão da empresa para pagar seu MBA. Não use o cartão da empresa para gastar R$500 em boate todo fim de semana. Não tire 100k do caixa da empresa e contabilize como "mútuo ao sócio" como se isso resolvesse alguma coisa. Não coloque a conta da empresa em débito automático para pagar pensão para filhos ou ex-mulher. Não, não e não (são todos casos reais, diga-se de passagem).

Se você faz uma mistureba entre seu patrimônio pessoal e o patrimônio da empresa, você corre sérios riscos de tomar no meio do seu cu, pois confusão patrimonial é motivo mais que suficiente para que qualquer credor consiga a desconsideração da personalidade jurídica da sua empresa e vá direto no seu patrimônio pessoal.

Madruga, você é muito catastrófico e está sempre preocupado com o que os credores podem fazer comigo em caso de crise na minha empresa. Minha empresa vai muito bem, obrigado, não preciso ter 1/10 das precauções que você narra em seus posts.

Meu caro, nada que eu estou escrevendo pode ser considerado como super cautela. Pelo contrário, o que está exposto aqui é o básico do básico, algo que qualquer pessoa com um mínimo de bom senso deveria seguir à risca, mas que a experiência tem me mostrado que não é bem assim, pois muita gente entra numa zona de conforto e começa a agir como se a conta da empresa fosse uma conta pessoal.

Ótimo que sua empresa esteja bem hoje, mas não deixe de se prevenir em caso de crise, pois o futuro é incerto para qualquer pessoa, e ele é mais incerto ainda para quem lida com o dinamismo do mercado. 

Ainnn, que bonitinho. Em 2035 o bebê dessa foto vai abrir uma loja ao lado da sua e destruir o seu negócio.

Calma, a foto acima foi só uma brincadeira. Não estou sugerindo que você viva em estado de paranoia, apenas que você não se deixe levar por práticas e comportamentos ruins, tenha um mínimo de amor próprio e previna-se. 

Um abraço!  

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